ENTENDES O QUE LÊS?



[Download Livro] Entendes o que Lês? - Gordon D. Fee e Douglas Stuart


“Entendes o que lês?” Essa pergunta foi feita por Filipe, há muito anos, a um eunuco, alto oficial da rainha da Etiópia, que estava lendo o livro de Isaías sem nada compreender. Lucas narra em Atos a resposta desafiante do eunuco: “Como posso entender se não há ninguém para me explicar?”.

O tempo passou, mas o desafio continua, pois hoje não são poucos que, a exemplo do eunuco, admitem não conseguir entender a Bíblia. Foi pensando nessas pessoas que Gordon Fee e Douglas Stuart escreveram este livro.

Nesta nova edição, o leitor desfrutará de um livro totalmente atualizado. Inclusive com o acréscimo de um capítulo que trata sobre a questão da tradução da Bíblia e o uso das diversas versões para a tarefa da interpretação bíblica.

Jesus não pecou. Mas poderia ter pecado?

Irmãos esse texto me ajudou a entender melhor sobre esse tema:
Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Hb 4:15

Os cristãos concordam que Jesus não pecou. Somente Ele podia dizer “qual de vocês pode me acusar de algum pecado?” (Jo 8:46) e calar a audiência. Mas a questão que permanece é “Jesus poderia ter pecado?”. Em outras palavras, Jesus era incapaz de pecar ou apenas capaz de não pecar? E no centro dessa discussão está a passagem em apreço.

O ponto em disputa depende da expressão “sem pecado”. Se pecado é visto como o resultado, então é possível supor a possibilidade de sucumbir a tentação. Porém, se pecado é entendido como natureza pecaminosa, então Jesus não possuía uma natureza pecaminosa, e portanto não era propenso a pecar.

Os que defendem a pecabilidade (não o fato, mas a possibilidade de ter pecado) alegam que se Jesus não poderia pecar, não poderia ser verdadeiramente humano, que se Ele não podia pecar então sua tentação não foi real e, finalmente, que se Ele não podia pecar, logo não possuía livre-arbítrio. Examinemos esses argumentos.

É verdade que desde Adão todos os homens pecam. Porém, o pecado não faz parte da constituição original do homem, sendo assim, não é essencial que se tenha uma natureza pecaminosa para que se seja humano de fato. A natureza humana de Jesus era a mesma de Adão antes da Queda, portando, não corrompida pelo pecado. Jesus veio “à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado” (Rm 8:3), mas essa semelhança não significou que Ele tivesse pecado, pois “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (1Co 5:21).

Devemos considerar também que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo, que milagrosamente impediu que a natureza caída de Maria fosse comunicada a Ele. O anjo diz como seria a concepção do Filho de Deus: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1:35) e de fato, pouco depois, Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mt 1:18). Finalmente, ao argumento de que a pecabilidade é inerente à natureza humana deve ser respondido com o fato de que a impecabilidade é inerente à natureza divina. Como Deus não pode pecar, sendo Deus Jesus tampouco poderia.

Mesmo incapaz de pecar, Jesus podia e o foi tentado de uma forma real. Tentabilidade não implica susceptibilidade ao pecado. Um exército invencível pode ser atacado. Uma fortaleza inexpugnável pode receber investida de conquistadores. O fato de Jesus não ser capaz de pecar não diz nada sobre a disposição do Diabo de tentá-lo. Se no céu ele ousou se rebelar contra o Altíssimo, quanto mais ele o faria contra o Filho do Homem na terra, muito embora nem lá, nem aqui, tivesse chance de lograr êxito. Mas, há que se destacar um ponto. Nem tudo o que se aplica a nós, em termos de tentação, se aplica a Jesus. Somos tentados a partir de dentro, “pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios” (Mc 7:21). Como Jesus não tinha um “coração perverso e incrédulo” (Hb 3:12), portanto, todas as suas tentações tinham origem externa e não em desejos maus e proibidos.

Finalmente, argumenta-se que se Jesus não podia pecar, então Ele não tinha livre-arbítrio. Não vamos aqui refutar a bobagem que chamam de livre-arbítrio do homem, apenas presumamos que Jesus tinha livre-arbítrio e vejamos se este fato seria incompatível com a doutrina da impecabilidade. O livre-arbítrio corretamente entendido é a faculdade de decidir livremente, de acordo com a própria natureza. Em Jesus, havia duas naturezas, a humana e a divina. Pela natureza humana, Jesus podia não pecar, pois Sua natureza não estava corrompida pelo pecado e em tese, poderia pecar. Porém, através da natureza divina, Ele não podia pecar, pois isso iria contra a própria natureza. Sendo assim, podemos dizer que o Senhor tinha um livre-arbítrio perfeito, que o capacitava a livremente fazer sempre e unicamente a vontade de Deus.

Soli Deo Gloria

Livro indicado pelo Pr. Silas



Nome do livro: Cartas do Inferno


Nome do Autor: C.S. Lewis


Gênero: Livros Religiosos


Ano de Lançamento: 2004


Editora: Vida





Sinopse


The Screwtape Letters (em português ficou como Cartas do Inferno, As Cartas do Coisa-Ruim e Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz) é um livro de ficção escrito por Clive Staples Lewis, no qual é uma troca de cartas entre Fitafuso, um demônio experiente e seu sobrinho e aprendiz, Vermebile. Nestas cartas, Fitafuso tenta ensinar o seu sobrinho a como fazer com que o "Paciente" vá para o inferno.





Comentários


Vale a pena conferir esta obra do "Maior" escritor cristão de todos os tempos (segundo a crítica)

Pregadores sofisticados



Na Grécia Antiga o sofista era um tipo de professor que se autodenominava sábio (sophos). O sofista utilizava técnicas de oratória e retórica a fim de persuadir seus ouvintes a confiarem em seus ensinamentos e, consequentemente, lucravam com isso.

Os rivais dos sofistas eram os filósofos. Estes não se chamavam sábios (alguns os chamam até hoje de amantes do saber pela junção das palavras que formam filosofia, mas a bem da verdade não se pode explicar ao certo o que significa ser filósofo, a princípio é preciso saber que é alguém que busca a verdade e não se contenta com o engano). Por vezes os filósofos desmascararam publicamente os sofistas, demonstrando que estes não compreendiam de fato o assunto que estavam discorrendo. O que o sofista fazia era envolver seus ouvintes com um belo discurso falacioso deixando-os confusos, e estes ouvintes logo acreditavam em mentiras como se fossem verdades.

Na atualidade brasileira vivemos um retorno ao sofismo. Têm surgido, na igreja brasileira, vários sofistas da Palavra de Deus. Pregadores que se fazem sábios e com uma boa oratória e retórica – afirmam que isto é poder de Deus – convencendo incautos a seguirem seus conselhos enganosos. Tais pregadores são meros contadores de histórias (e estórias), cheios de barulho e pouco (ou nenhum) conhecimento real da Palavra de Deus. Muitos têm, sim, uma voz bela, grave e forte e, sabem como chamar a atenção do povo, mas, além disso, só resta a esperteza.

O sofista moderno assim como o sofista grego lança mão de várias estratégias falaciosas a fim de alcançar o sentimento de seus ouvintes fazendo o possível para que estes não critiquem o que estão ouvindo. Por isso afirma: “Sou o ungido do Senhor!” (argumento forte, pois ai daquele que tocar, criticar, falar mal ,ou, coisas desse gênero do “ungido”) .  Desenvolvem um enredo emocional que conduz o público ao êxtase e, por ter um conteúdo “divino”, as pessoas acreditam mais ainda que Deus esteja no “negócio”.

A pregação neste momento perde o foco bíblico. Isto é, proclamar salvação ao perdido e fortalecer o salvo. O conteúdo da mensagem passa a ser algo distorcido até mesmo da realidade, cheio de seres angelicais e infernais ou de acontecimentos milagrosos na maioria das vezes voltados para questões financeiras e realização pessoal.

A rede do sofista está armada. Agora é só aguardar o momento de receber sua recompensa. A mobilização tem apenas uma finalidade e não é a salvação. Mas conseguir arrecadar seu suprimento. Por isso o sofista da “fé” é considerado pragmático, ou seja, se funciona é certo e verdadeiro. Com isso elabora um novo “método” de “interpretar” as Escrituras, parte do pensamento de que “se funciona é certo” se é certo não é pecado, se não é pecado é a vontade de Deus, se é a vontade de Deus então eu posso e devo fazer a vontade de Deus. Logo se percebe que o pregador sofista procura enganar até mesmo a ação do Espírito em sua própria vida.

Há algo de hilário na questão. O pregador sofista nunca admite que o seja. Exatamente porque todos os argumentos relativistas e conturbados dos quais encheu sua própria mente, o fazem acreditar que ou ele tem a verdade ou ninguém a tem. Assim, não está disposto a ouvir, pois, ele é o “sábio”. Ninguém pode ajudá-lo. Talvez, nem Deus.

O perigoso é que o pregador sofista, não re-nasceu assim – se renasceu de fato. Isso foi acontecendo, seja pelo engano de outros sofistas modernos na igreja brasileira, seja por não se envolver de fato com a obra de Deus e o povo de Deus, ou pela necessidade de alcançar fama e outros bens. Portanto, qualquer um pode se enredar neste caminho tortuoso. Só os humildes e os que buscam a verdade na Palavra de Deus conseguem sobrevier a tais caminhos enganadores.

A artimanha do pregador sofista é grande. A igreja brasileira precisa se unir contra esse mal. É preciso levantar pessoas que estejam dispostas a compreender a Palavra de Deus em amor e explicá-la com temor. Buscar a verdade e não se contentar com argumentos meramente emocionais cheios de historinhas pra crente dormir (ou ficar bem acordado se enchendo do “poder”).

Quando um pregador precisa gritar para demonstrar que está certo ou que tem autoridade em seus argumentos: cuidado! Quando alguém ao pregar demonstra afirmativas sem explicá-las biblicamente, ou percorre vários textos bíblicos sem interpretá-los: cuidado! Quando o texto bíblico é usado para fundamentar pensamentos próprios e não demonstrar a vontade de Deus: cuidado! Podemos estar certos de estar diante de apenas dois tipos de pessoas: um louco idiota ou um sofista moderno.


Paulo Freitas: Professor no curso de teologia no Seminário Evangélico da Igreja de Deus - SEID. Email: pensarteologia@gmail.com



O “teólogo” do inferno

Lá estava ele no deserto. Antes mesmo de seu rival chegar ao lugar da tentação, ele já se encontrava ali. Talvez tivesse jejuado para enfrentar seu maior desafio. Havia se preparado através do estudo das Escrituras. Acreditava ser invencível. Ele era de fato o “teólogo” do inferno. Seu nome principal é Satanás. O texto de Mateus (4, 1) o descreve apenas como diabo – do grego diabolos, que significa: acusador, caluniador, difamador.


O Mestre foi levado pelo Espírito Santo ao deserto. Sabia o que O esperava. O Tentador estava ali. O Senhor dos Senhores respondeu com grandeza ao primeiro questionamento do diabo. O Teólogo dos teólogos enfrentou o Inimigo com as Escrituras Sagradas, desarmando-o em sua tentativa de fazê-lO usurpar o ser igual a Deus (Fp 3, 5).


Porém, o Diabo não desistiu e demonstrou ser um “teólogo” e conhecedor da Bíblia. Ele enfrentou o Cristo em Seu próprio campo de batalha: a Palavra de Deus.


O Acusador conduz o Mestre à Cidade Santa e O coloca sobre o pináculo do templo e demonstra seu conhecimento das Escrituras: “Se és o Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: ‘Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem’; e: ‘Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra’ (Sl 91, 11-12, itálico nosso)”.


 Uma verdadeira dialética teológica. Parecia que o Mestre estava em apuros. Afinal, Seu adversário estava usando as Escrituras Sagradas e, Cristo veio para cumprir o que as Escrituras dizem sobre Ele. Parecia tudo correto. O Senhor deveria então fazer o que o Diabo lhe demonstrara. Enfim, as afirmativas pareciam verdadeiras. Logo a conclusão também o seria. Se Ele saltasse, os anjos o acolheriam. Mas, fazer isso daria a vitória ao Diabo.


Jesus, entretanto, demonstra que o Enganador estava enganado. Sua teologia era baseada apenas em parte do conhecimento bíblico e não em todo o conteúdo da Palavra de Deus. A hermenêutica usada pelo Diabo partia de seus interesses e por isso não estava de acordo com o entendimento bíblico. Uma interpretação falaciosa e sofisticada. O “está escrito” era apenas da instância do maligno e não de Deus.


Nesse momento Satanás sente que todo seu estudo fracassou, pois diante dele estava um Teólogo Maior. A interpretação que Cristo fez das Escrituras partiu dos interesses do Pai e não de Sua vontade própria. Isso é evidente no texto de Mateus.


Satanás ainda tenta com mais uma afronta. No entanto, o Senhor derrota o “teólogo” do inferno com mais uma de suas respostas de acordo com a Palavra de Deus.


“Com isto, o deixou o diabo” (Mt 4, 11), “até momento oportuno” (Lc 4, 13).


O Diabo sabedor de que não pode derrotar o Cristo, busca vencer os seguidores do Senhor. Sua “teologia” sofismática arrasta muitos adeptos para seu pensamento.


As várias “teologias” falaciosas que vão contra o ensinamento bíblico (Teologia da Prosperidade, Teologia Positivista, Teologia Liberal e tantas outras) são nada mais que “teologias” do inferno (Tg 3, 15-16).


Muitos estudiosos que se utilizam do jargão: “está escrito” formulam teorias de acordo apenas com seus interesses. Buscam se promover à custa das Escrituras, criando teses que desafiam o Ensino Bíblico e arrastam pessoas incautas na fé, levando-as para o inferno.


Qualquer um que professe tais ensinamentos malignos são de fato “teólogos” do inferno. Discípulos do “teólogo” infernal: o Diabo.

 
http://www.pauloeduardoaf.blogspot.com

Sobre teólogos e papagaios


Quando era criança tínhamos uma mulata em casa. Não era necessariamente um papagaio, mas cumpria bem o seu papel em decorar o que dizíamos repetindo depois. Geralmente, papagaios são assim: repetem boa parte das palavras que mais dizemos. Estudos mostram que papagaios podem aprender várias palavras, assobios e outros sons. Eles não são inteligentes, os chamaria de receptivos.

Depois de crescido (ainda jovem) resolvi estudar teologia. Fui para um seminário. Confesso, tive professores impressionantes – não dá para mensurar este adjetivo. Infelizmente, alguns nem sei por que estavam lá – talvez para testar minha paciência. Porém, insisti e me formei em teologia.

Aulas sempre são aulas. A história da teologia toma conta de grande parte do conteúdo, isto é informação. Somente aqueles excelentes professores – que não estão ali apenas para conseguir sustento, ainda que faça parte – conseguem conduzir os alunos rumo à instrução.

Todavia, percebi que muitos alunos se alegravam mais com as informações (repetições de pensamentos de teólogos) do que em serem instruídos ao pensamento teológico. Nisso surge minha analogia de teólogos com papagaios.

Papagaios são belos por natureza (mesmo quando são filhotes esquisitinhos). Mas quando repetem o que dizemos ficamos mais maravilhados ainda. Parece que aprender a repetir dá um ar de grandiosidade – no caso do papagaio, esse sentimento fica com seu dono.

Muitos dos alunos que conheci, durante minha caminhada de aluno, também aprenderam a arte da repetição. A repetição soa como a sabedoria verdadeira. Quando estes colegas pregavam ou ensinavam em suas igrejas e conferências, sentia-se neles o ar de superioridade. Porém, repetir não é saber. Repetir é papagaiar, tagarelar.

Teologar não é meramente repetir o que outros teólogos disseram. Fazer teologia não é apenas encher-se de informações antigas de teólogos do passado. Precisa haver mais instrução do que informação. Informação pode até conduzir à formação, mas apenas a instrução gera transformação. Uma mente teológica, apenas, pode superar o falatório, e pensar por si mesma.

O teólogo que preza ser chamado teólogo, não se sustenta apenas em concordar com o passado – ainda que respeite o passado. Ele sempre busca por si mesmo, mesmo que chegue ao mesmo lugar já chegado anteriormente. Ainda há mais para pensar, há mais para saber. Essa busca constante faz parte do ser teólogo.

Ter ares de sabedor por repetir informações não faz de alguém um teólogo – talvez um papagaio (risos). Um teólogo talvez não seja feito pelo que recebe de informações. Mas sua capacidade em perceber instruções. Questionar dogmas. Enfrentar a hipocrisia. Não tolerar a letargia epistemológica. Fugir à mera gnose espiritualista. Aceitar a Palavra de Deus (Escrituras), porém nem sempre tudo o que se diz sobre a Palavra de Deus. Pensamentos por mais belos e corretos que sejam ainda são pensamentos, e sempre podem ser repensados.

Repensar. Esta é uma capacidade que, particularmente entendo, deve ser cultivada pelo teólogo. Sempre repensar o que já foi dito e escrito por outros teólogos - também outros estudiosos. Apenas isso distancia um teólogo de um papagaio. Aprende que as informações são úteis, apenas se a instrução fizer parte delas. O passado auxilia. No entanto, o teólogo não vive no e nem do passado. É um ser do presente. Que enfrenta problemas presentes com pessoas presentes e reais, numa igreja atual. Portanto, pensar para hoje, isso faz um teólogo, que me parece não apenas ser feito por si, mas por todos aqueles que junto a ele compartilham a graça de crescer no conhecimento e na prática da vontade de Deus.